sábado, 8 de setembro de 2012

Com a fusão do Agrupamento de Escolas de Vila Viçosa com a Escola Secundária da mesma localidade, este projecto perdeu a sua filiação institucional pelo que a partir do início do ano 2012/13 não será mais actualizado neste endereço.
Agradecemos aos muitos visitantes e aos nossos colaboradores que sabemos continuarão, como o autor deste projecto, a dar o seu melhor para uma educação que todos queremos de qualidade.
A partir de Agosto de 2012, o projecto continuará ao serviço de todos mas agora por responsabilidade pessoal do seu autor e no endereço http://eduduvidas.blogspot.pt/ . Simultaneamente é criado outro espaço destinado a profissionais de educação em http://edu-duvidas-prof.blogspot.pt/

Agostinho Arranca

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Guerra ao Piolho


Guerra ao Piolho

De facto, as crianças em idade escolar são o grupo mais afetado pelo Pediculus humanus capitis (vulgo piolho da cabeça). Estes parasitas, de cor castanho-acinzentado, medem cerca de 2,5 mm de comprimento. 
Como é possível que um ser tão pequeno seja capaz de causar semelhante "dor de cabeça" a pais e professores? E sobretudo uma comichão intensa no couro cabeludo das crianças?! De facto, as crianças em idade escolar são o grupo mais afetado pelo Pediculus humanus capitis (vulgo piolho da cabeça). Estes parasitas, de cor castanho-acinzentado, medem cerca de 2,5 mm de comprimento. Eles fixam os seus ovos aos fios de cabelo, perto do couro cabeludo, por uma substância pegajosa, assumindo a forma vulgarmente conhecida como lêndea.

O regresso às aulas, devido ao contacto mais próximo entre as crianças, é a altura do ano mais propícia ao contágio. Este é feito mais frequentemente por contacto interpessoal próximo (cabeça-a-cabeça), mas também é comum a transmissão através da partilha de chapéus, escovas e outros objetos pessoais de pessoas contaminadas. O simples ato de pendurar a roupa (infetada) junto de outra no bengaleiro da escola é o suficiente para fazer proliferar esta 'praga' num estabelecimento de ensino e mesmo dentro das próprias famílias. E se pensa que este "mal" nunca vai acontecer ao seu filho porque higiene é coisa que não falta lá em casa, está enganado!

A pediculose afeta tanto cabeças limpas como pouco limpas, crianças pobres ou crianças de classe média e alta, cabelos curtos ou compridos. O piolho necessita de uma superfície com cabelo para sobreviver, sendo, fora do hospedeiro, viável apenas durante 48 horas e a lêndea durante 10 dias. Apesar de o cabelo curto ser menos convidativo para estes parasitas, ele não é, por si só, uma proteção segura contra estes minúsculos insetos. Então, o que fazer?

Em primeiro lugar, é essencial não ter vergonha de falar neste assunto e acima de tudo saber que piolhos não são sinónimo de falta de higiene. O melhor aliado dos piolhos é o silêncio que se faz à sua volta por, ainda hoje, ser considerado por muitos um assunto tabu. É muito importante avisar a escola se chegar à conclusão que o seu filho trouxe para casa uma série de novos "amiguinhos" pendurados no cabelo. Por outro lado, os responsáveis pelo estabelecimento de ensino têm obrigação de comunicar aos pais se verificarem o aparecimento de um surto de pediculose. Só assim é possível cortar o mal pela raiz e pôr em prática o tratamento adequado.

A comichão intensa e a irritação da pele da cabeça são os sinais clínicos mais preponderantes, que é mais evidente na região da nuca e atrás das orelhas. Infelizmente, quando a infestação é detetada, geralmente já dura há várias semanas.

Uma maneira simples de perceber há quanto tempo os parasitas estão no hospedeiro é medir a distância das lêndeas do couro cabeludo. Sabendo que o cabelo cresce em média 1 cm por mês, as lêndeas afastadas mais de 2 cm do escalpe indicam mais de dois meses de postura. É difícil encontrar um piolho vivo, visto que estes insetos se movem com muita rapidez. Por isso, o diagnóstico é feito mais vezes através da existência dos seus ovos (lêndeas), de cor branco-nacarado, com cerca de 0,8 mm e firmemente agarrados à haste do cabelo. Um problema que se põe é distinguir outras situações que podem simular a pediculose, como a caspa, a seborreia ou produtos para o cabelo de uso comum, como o vulgar gel. Estes distinguem-se das lêndeas porque são fáceis de remover com as pontas dos dedos.

O piolho alimenta-se de sangue e por isso começa por morder a pele da cabeça. Esta mordedura não causa dor por si só, mas quando está a sugar o sangue, este inseto expele saliva, a qual tem características alergizantes. Isto causa inflamação da pele da cabeça e uma intensa comichão. Ao coçar-se, o indivíduo faz com que as fezes do piolho entrem nas feridas, o que aumenta ainda mais a inflamação e a comichão. Este ciclo vicioso pode levar à infeção secundária por bactérias destas lesões, levando por vezes ao aparecimento de gânglios no pescoço. Muitas vezes, a criança passa a noite inteira a coçar-se, dorme mal e vai para a escola muito sonolenta. Claro está que com sono e muita comichão é difícil estar com a concentração adequada nas aulas. Por isso, há quem fale na relação causa-efeito da pediculose e baixo rendimento escolar.

TratamentoNo que diz respeito ao tratamento, existem vários inseticidas na forma de champôs ou cremes de lavagem que são bastante eficazes na eliminação de piolhos e lêndeas. Uma vez que o período de incubação dos ovos do piolho varia de 6 a 10 dias, após a primeira aplicação, esses medicamentos devem ser aplicados novamente dentro de uma ou duas semanas para atingir os parasitas que tenham aparecido entretanto.

A maioria das respostas insuficientes ao tratamento é devida à má técnica empregue ou à falta de repetição do tratamento em tempo útil. Existem, no entanto, evidências do aparecimento de resistências aos inseticidas. Como medida adjuvante, é importante usar uma solução de mistura de vinagre e água (deixar atuar durante meia hora) ao pentear os cabelos com um pente de dentes apertados. É que as lêndeas são muito difíceis de remover e o vinagre é usado para amolecer a substância que fixa firmemente as lêndeas aos fios de cabelos. Este procedimento deve ser repetido diariamente durante vários dias.

Mesmo quando já não parecer existirem mais piolhos, é prudente examinar o cabelo uma vez por semana. Os pais devem saber que a comichão pode durar semanas após um tratamento bem sucedido. É importante sublinhar este facto, pois tratamentos repetidos podem ocasionar uma dermatite de contacto. A maioria destes produtos é irritante para a pele que já de si está irritada e inflamada devido à ação da saliva e das fezes dos parasitas nas feridas.

As lêndeas são muito sensíveis ao calor e por isso as roupas de cama e de corpo devem ser lavadas com água bem quente e passadas a ferro a altas temperaturas. Chapéus, roupas e outros objetos que não possam ser tratados pelo calor, devem ser selados num saco de plástico durante quatro semanas; qualquer piolho que tenha eclodido durante este período morrerá de fome. O ambiente deve ser aspirado com aparelho a vácuo. Não é aconselhável o uso de inseticidas para o ambiente.

Todos os membros do agregado familiar devem ser tratados ao mesmo tempo para erradicar a infestação. Por vezes surgem dúvidas quanto à necessidade de tratar os animais domésticos. O tratamento é completamente desnecessário pois o piolho não se transmite aos animais.

Finalmente, põe-se a questão da proibição ou não de frequentar a escola durante a infestação. Em Portugal, cada estabelecimento de ensino dita as suas próprias regras, pois este é um assunto discutível. Se por um lado é importante afastar a criança dos outros alunos para evitar a transmissão contínua, por outro convém lembrar que quando se identifica o problema, a criança já tem piolhos há várias semanas. Mais uma vez se lembra que o facto de o seu filho ser afastado da escola por uns dias não significa que a família tenha falta de higiene; significa, simplesmente, que os responsáveis da escola pretendem minimizar o número de crianças infestadas.

Gabriela Marques Pereira, interna complementar de Pediatria
in Educare.pt 

quinta-feira, 29 de março de 2012

PAIS E FILHOS: GERIR O TEMPO E OS AFECTOS

Tornou-se quase “lugar comum” afirmarmos que é essencial uma articulação entre a escola, a família e a comunidade de modo a minimizar ou erradicar o insucesso escolar e estimular o gosto pelo saber. Mas ainda assim continua a ser imperioso percebermos que é inevitável e urgente a participação de todos na educação, uma vez que a participação dos pais na escola e no processo educativo faz parte de um processo dinâmico e evolutivo, começa na família, passa pela comunidade e desenvolve-se e interioriza-se na escola.
Os pais devem estar sensibilizados para vir à escola, falar com os professores, conhecer o projeto educativo que está aqui a ser desenvolvido, para desse modo saber da necessidade de nele participar, ainda que dentro da disponibilidade de cada um para se dedicar e se integrar nalgumas actividades. Simultaneamente considera-se fundamental o acompanhamento dos seus filhos nos trabalhos de casa, nomeadamente ensinando-lhes a gerirem o seu tempo.
Por muitas lacunas (falta de tempo, ou até alguma falta de conhecimentos académicos) que os pais tenham para ajudar os filhos a estudar, conseguem sempre organizar no seu quotidiano, o momento para ir às compras, a hora de se preparar o jantar, a ocasião de ir à missa ao domingo, a oportunidade para os passeios em família, aliás, também o tempo para contar histórias ao deitar. Assim, não só podem ajudar os filhos a gerirem melhor o seu próprio tempo, como também a dispor dele para os trabalhos da escola em casa, ou mesmo a dedicar aquele momento ao estudo, criando-se desta forma alguns hábitos de trabalho nas nossas crianças e jovens. Por isso, é bom que os pais conheçam o horário escolar dos filhos, a que horas entram, que disciplinas têm, a que horas saem. Nesse mesmo horário, que pode estar fixo na porta do frigorífico, por exemplo, deve constar um espaço para os estudos e trabalhos de casa. Assim, ele sabe que aquele período de tempo é para trabalhar por forma a melhorar e adquirir mais conhecimentos, mais saberes.
Feitos os trabalhos, já pode ir brincar, estar com os amigos, jogar etc. Desta forma está a ensinar-lhe a gerir o tempo, mostrando-lhe que há um tempo, para estudar, para brincar, para conviver…
Para além deste espaço de tempo, também é muito importante criar um outro espaço para ouvir, falar, passear, fazer atividades com o seu filho. É também importante fazer-se pelo menos uma refeição em família, esquecer por momentos a televisão e arranjar-se tempo para conversar sobre o dia que passou e o próximo, planeando-se atividades para os fins-de-semana com a família. O ler ou contar histórias ao deitar das crianças desenvolve nas crianças uma linguagem particular, a linguagem do afeto. É a partir das cantigas de embalar à noite que a criança vai desenvolvendo o gosto pela leitura e as ferramentas iniciais da sua formação pessoal. E, mais tarde, será um adulto saudável, com o gosto por adquirir conhecimentos que o enriqueçam, pois é nas narrativas ouvidas que a criança vai desenvolvendo o seu mundo onírico, imaginativo, criativo.
As histórias não só nos ensinam como também nos convidam a olhar para dentro de nós próprios. Há técnicos que defendem a ideia de que as crianças que ouvem histórias na infância se tornam adultos mais seguros e profissionais bem-sucedidos. O gosto pela leitura começa bem antes do processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita. O início deste caminho e a sedução para o mundo das letras e dos números, dá-se ainda no berço, através das histórias e cantigas de embalar e, claro, de todo o ambiente de afeto que se propicia nesses instantes. Existem os contos tradicionais e educacionais que são transmitidos oralmente de geração em geração, e que muito benéficos podem ser ouvidos pelas crianças.
A criança, o jovem, está em crescimento e é normal que tenha dúvidas que queira relatar acontecimentos que viu ou participou, assim, questioná-lo sobre isto ou aquilo, mostrar as dificuldades que tem, dizer brincadeiras e jogos que fez, falar dos amigos e colegas com quem anda, das zangas e alegrias que partilham irá favorecer a hábitos de partilha, de comunicação entre gerações, e aí nascerá o afecto e a confiança, alcançando uma vida serena e estável.
Rodrigo Alves, Psicólogo